Aprovável queda da polarização entre PT e PSDB deixa um vácuo na política nacional. Diante desse cenário, diversas vozes surgem para preencher a falta de representatividade política, que se agravou após seguidos escândalos de corrupção. Entre essas vozes, percebemos uma nova reorganização da direita, após anos de sumiço.
CONTEXTO
Antes de prosseguirmos, é preciso entender que nunca existiu uma direita, de fato, no Brasil redemocratizado. Embora seja tarefa difícil definir o que seja efetivamente “direita”, alguns valores estão quase que intrinsecamente ligados ao conceito: ter uma agenda programática abertamente contrária aos programas sociais, ser a favor da diminuição do estado, defesa do liberalismo econômico, e conservadorismo, onde em sua versão mais radical chega à adoção do discurso religioso e até mesmo à xenofobia.
Desta forma, até hoje, não somente inexistiram, no Brasil, partidos com significância que adotaram esse discurso, como também, o partido que lidera o pretenso polo de direita é o PSDB, um partido social democrata.
Portanto, no entendimento da Delfos, jamais existiu um PÓLO de direita no Brasil. O que sempre existiu foi um CAMPO de direita, quase insignificante, que orbita, há anos, o PSDB, um partido de centro-esquerda, formando um polo de centro.
O QUE VIRÁ
Após graves crises econômica e política, inflação e taxa de desemprego com números recordes, a população tenta compreender o cenário e busca saídas para o futuro. Nesse momento, a direita vê uma oportunidade de propagação de seu discurso. Com a defesa do liberalismo, cristianismo, nacionalismo, enxugamento do estado e anti-esquerda, esse discurso vem conquistando, principalmente, os jovens.
Movimentos políticos, institutos de pesquisa, jornalistas e humoristas encabeçam as novas lideranças da direita nas redes. Os mais relevantes são: Rachel Sheherazade, Movimento Brasil Livre e Folha Política. Além dessas páginas, 33 outras aparecem com alto grau de influência dentro da direita. Essas vozes, no facebook e twitter, contam com uma média de, aproximadamente, 1.037.067 seguidores.
Já quando nos referimos às lideranças políticas institucionais, a mais expressiva, sem dúvida é Jair Bolsonaro. Com quase 4,5 milhões de fãs no facebook e milhares de células voluntárias de apoio à sua candidatura, o ex-militar aparece, para muitos, como a solução para o país. Fala o que pensa e não se incomoda com a repercussão. O presidenciável, árduo defensor do regime de 64 e crítico das políticas sociais para as minorias, tem 70% mais fãs no facebook do que PT e PSDB juntos. Nas pesquisas, Bolsonaro já aparece com 15% das intenções de voto e apenas 40% de rejeição, uma das menores entre os nomes que, provavelmente, disputarão o Executivo em 2018.
Diferente dessa ascensão do campo da direita, que pode tirar o posto do PSDB, a esquerda mostra uma unidade mais fortalecida. Não vemos, no momento, chance provável de o Partido dos Trabalhadores perder a liderança do pólo de esquerda (tema que será abordado em outro artigo). A dúvida, agora, é saber se esse campo político, da direita, conseguirá ampliar seu discurso paras as ruas e se transformar em um pólo que disputará o comando do país com o pólo de esquerda.
Será que o Brasil acompanhará a onda conservadora mundial? Será que, depois de 28 anos, a direita real conseguirá conquistar o Executivo brasileiro? O seu crescimento é claro e as respostas surgirão no decorrer dos próximos acontecimentos.
Texto escrito em parceria com Elton Santos, da Delfos Comunicação e Marketing