Fotos: Assessoria PT / Cleber Caetano / Palácio do Planalto
Fotos: Assessoria PT / Cleber Caetano / Palácio do Planalto

A polarização na redemocratização

Muito se discute os benefícios e os malefícios da polarização política no Brasil. Mas analisando nosso histórico, desde o fim da ditadura militar, essa sempre foi a praxe, principalmente após 1994. Em média, os dois candidatos que lideram os resultados, concentram 77,24% dos votos válidos.

Veja alguns números (de primeiro turno, evidentemente) abaixo:

1989 — Collor e Lula somados tiveram 47,66% dos votos válidos, em uma disputa com 22 nomes.

1994 — Cinco anos depois, tivemos um salto de concentração de votos de 1,70x. FHC (eleito no primeiro turno) e Lula somados tiveram 81,32% dos votos válidos, em uma disputa com 11 nomes, metade da eleição anterior.

1998 — Vencendo novamente no primeiro turno, FHC liderou e, junto com o Lula, somaram 84,77% dos votos válidos, em uma disputa com 12 nomes.

2002 — Depois de três tentativas, Lula chega ao poder vencendo a forte chapa PSDB-PMDB. Juntos, Lula e Serra tiveram 69,63% dos votos válidos, em uma disputa com apenas seis nomes.

2006 — Novamente polarizando com o PSDB, Lula vence o seu atual vice Geraldo Alckmin. Ambos concentraram 90,21% dos votos válidos, em uma disputa com oito nomes.

2010 — Sobrou para a sucessora de Lula, Dilma Rousseff, polarizar novamente com o PSDB. Serra retornou para a disputa e ambos tiveram 79,51% dos votos válidos, em uma disputa com nove nomes.

2014 — Essa foi a eleição que inflamou o sentimento anti-petismo no Brasil. Aécio Neves, representante do PSDB, perdeu no segundo turno por menos de 3.5 milhões de votos. No primeiro turno, Dilma e o tucano tiveram 75,14% dos votos válidos, em uma disputa com 11 nomes.

2018 — Nessa eleição a tendência de 2014 se manteve e juntos, Bolsonaro e Haddad tiveram 75,30% dos votos válidos, em uma disputa com 13 nomes.

2022 — Aqui chegamos no auge da concentração de votos. Se perdesse, Lula provavelmente teria sua aposentadoria política, se vencesse, conseguiria seu terceiro mandato e, pela primeira vez, um presidente no governo não se reelegeria. Lula e Bolsonaro concentraram 91,62% dos votos válidos, em uma disputa com 11 nomes e vitória do petista.

Vamos ficar atentos e perceber como chegaremos em 2026. Atualmente, entendemos que esquerda e direita não possuem grandes nomes. Lula disse que não tentará a reeleição, o que achamos difícil. Já Bolsonaro voltará ao Brasil apenas para se defender de dezenas de acusações e sofrerá um desgaste muito forte.

Rodolpho Dalmo

Jornalista, estrategista e consultor político com 10 anos de experiência. Trabalhei em mais de 100 campanhas, 5 mandatos e 5 entidades partidárias e de classe. Ajudei a eleger um Deputado Estadual por Minas Gerais, um Vereador e três Conselheiros Tutelares de Belo Horizonte.

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