Estamos nos aproximando das eleições de 2024, um momento crucial para o país. As negociações políticas, planejamentos e pesquisas já estão em andamento.
A tese que levantamos neste texto é de que os pleitos municipais de 2024 serão marcados por uma intensa polarização e uma forte nacionalização das disputas, tornando-se um marco na história política brasileira.
A tradição de considerar essas eleições de menor relevância, com exceção das capitais, será completamente transformada no próximo ano.
TRÊS GRUPOS DISTINTOS
Uma das principais características desse cenário será a polarização política, onde as divisões serão mais acentuadas do que em eleições anteriores.
Teremos três grupos distintos em disputa: (1) a esquerda, que buscará utilizar a máquina pública federal e a imagem de Lula; (2) o bolsonarismo, incluindo o ex-presidente percorrendo o país com o objetivo de eleger 1.000 prefeitos (meta do PL); e (3) a direita, que pretende se desvincular do bolsonarismo e ocupar os espaços de poder após a derrota em 2022.
FIGURAS CARISMÁTICAS
As eleições do próximo ano também serão marcadas pela presença significativa de líderes políticos nacionais nas campanhas municipais. Cidades como Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo estarão envolvidas em questões de alcance nacional.
Os debates serão muito mais focados em discutir qual projeto para o futuro a sociedade deseja, seja ele de centro-esquerda ou liberal, em detrimento de problemas locais específicos.
COMO CHEGAMOS ATÉ AQUI?
Essa tendência de nacionalização das eleições municipais pode ser atribuída a diversos fatores.
Em primeiro lugar, a polarização política e a ascensão de lideranças carismáticas e populistas têm sido uma tendência global, e no Brasil não é exceção.
Além disso, o contexto político brasileiro nos últimos anos tem sido marcado por crises representativas constantes, com debates acirrados em torno de temas como economia, modelo educacional, saúde e meio ambiente, temas ampliados mundialmente devido a pandemia da Covid-19. Essas questões são relevantes tanto em nível nacional quanto local, o que contribui para a nacionalização das campanhas de 2024.
Outro fator que impulsiona a nacionalização é a influência das redes sociais e da mídia digital na política contemporânea. Não podemos nos esquecer do debate de como as grandes empresas de tecnologia moldam seus algoritmos.
As redes sociais proporcionam um ambiente propício para a disseminação de discursos polarizados e a construção de identidades políticas em torno de líderes e pautas nacionais. Isso pode levar a uma maior visibilidade de candidatos com apelos populistas e a uma polarização ainda maior nas eleições municipais.
CONCLUSÃO
Diante desse cenário, evidentemente, é difícil prever o desfecho das eleições municipais de 2024, mas o caminho dificilmente será diferente do que colocamos nas linhas acima.
A polarização e a nacionalização tornam as disputas imprevisíveis, pois os eleitores tendem a tomar decisões mais influenciadas por fatores emocionais e ideológicos do que por questões técnicas.
As eleições municipais de 2024, portanto, se configuram como um marco importante na política brasileira, com potencial para redefinir as dinâmicas e os rumos do país.