Como falamos no nosso último artigo, as eleições municipais de 2024 serão nacionalizadas, principalmente nas grandes capitais. Em Belo Horizonte não será diferente.
O que tentaremos mostrar nesse texto é como está a direita, a esquerda e qual a saída deste segundo espectro para as eleições.
O BOLSONARISMO
Para o bolsonarismo de Belo Horizonte o caminho é mais fácil do que para a esquerda. O nome do deputado estadual Bruno Engler (2º mais votado em 2020) já foi anunciado como pré-candidato a prefeito. Engler terá no seu palanque o deputado federal Nikolas Ferreira (candidato ao governo de Minas em 2026) e do ex-presidente Jair Bolsonaro, que tentará segurar seu legado político elegendo prefeitos pelo Brasil.
Apenas na capital Bruno Engler obteve 187.7 mil votos para deputado estadual em 2022, Nikolas 306.6 mil para federal (3º mais votado proporcionalmente no Brasil) e Bolsonaro recebeu 834.5 mil votos, 54,25% dos votos válidos, vencendo Lula com 8.5% de vantagem. Com uma base já consolidada, o desafio principal será manter a coesão interna e capitalizar um pouco mais de apoio popular, já comprovado nas urnas.
Para a esquerda a costura é um pouco mais complexa.
A ESQUERDA
O PT de Belo Horizonte busca retomar, desde 2012, o comando que perdeu desde a gestão de Fernando Pimentel (2001-2008). Em 2008 o PT teve que abrir mão de uma chapa única para, ao lado do PSDB (em um momento raro da política nacional), fazer parte da coligação que elegeu Marcio Lacerda. Desde então, BH tem sido governada pela centro-direita, com Lacerda, Alexandre Kalil e Fuad Noman, atual prefeito.
A FRENTE AMPLA DO PÃO DE QUEIJO
Para a esquerda, a única saída viável é lançar uma grande frente ampla, semelhante à estratégia exitosa adotada nas eleições nacionais de 2022, que reuniu diversos partidos políticos para enfrentar o bolsonarismo. Essa frente precisará de três características: (1) o maior número de partidos (obviamente), (2) a presença do Lula no palanque e (3) um candidato combativo.
O PT, que possui a máquina federal em suas mãos, tem por naturalidade a liderança dessa frente ampla. Serão necessárias conversas com os 9 partidos que apoiaram Lula em 2022, os 6 que aderiram no segundo turno e até mesmo o PSD, que hoje comanda a capital e possui 3 ministérios. Se a esquerda não repetir o que fez em 2022 ela corre não só o risco de perder a capital, essencial para as eleições estaduais de 2026, mas entregá-la ao seu maior adversário político da atualidade.
Quem conhece a capital mineira sabe que será difícil evitar que alguns partidos (como PSOL, UP, PSTU ou PCO) não tenham candidaturas próprias para marcar posição. Esse fato tornará a eleição ainda mais desafiadora e fragmentada para a esquerda, como ocorreu em 2020.
O NOME DA FRENTE AMPLA
Nesse contexto de uma possível pequena fragmentação dentro da própria esquerda, com leve tendência para uma derrota, o PT deveria considerar, desde já, a construção da pré-candidatura do deputado federal Rogério Correia, hoje um dos maiores quadros do partido no quesito combatividade, que poderia expor as contradições do bolsonarismo e representar uma voz forte para a esquerda.
Perder faz parte do jogo político, mas sair menor do que entrou é um erro caríssimo e as eleições de 2026 chegarão num piscar de olhos. Vamos aguardar quais serão os próximos passos.