Lula volta aos palanques nacionais pensando em outubro

Lula anunciou diversas vezes em 2023 que percorreria o Brasil em 2024, priorizando questões nacionais e as eleições municipais, deixando um pouco de lado sua agenda internacional. E seus compromissos começaram, com a mira nos interesses nacionais sem esquecer, evidentemente, as eleições municipais e os objetivos traçados pelo Partido dos Trabalhadores.

Embora o PT não tenha estabelecido uma meta numérica como o PL, que almeja eleger até 1.500 prefeitos, a eleição de gestores municipais ou a participação em chapas vencedoras é um excelente indicador para as perspectivas de 2026. Em menos de dois dias, o Presidente subiu em palanques de três estados do Nordeste, usando todo seu poder de retórica e improvisação.

As viagens

Na quinta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou um acordo visando a criação do Parque Tecnológico Aeroespacial da Bahia. Logo depois, na cidade de Ipojuca, o presidente participou da cerimônia de retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima (RNEST). Na tarde de sexta (19), Lula assinou o decreto que cria oficialmente o campus do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) em Fortaleza. O Ceará tem a façanha de ter quase 1/3 dos aprovados no vestibular mais difícil do país.

A escolha dos três estados é estratégica. Juntos, no segundo turno, Bahia, Pernambuco e Ceará deram quase 1/4 (22,44%) dos votos para Lula, contra menos de 10% para Jair Bolsonaro.

Lula unha e carne com o palanque

O movimento sindical transformou Lula em um orador nato. Isso é inegável. É nos palanques do Brasil que ele se aproxima e aquece suas bases. E em ano eleitoral deixar a militância em polvorosa pode ser a cartada para ampliar o número de vereadores e prefeitos da sua sigla. De 2000 a 2012, o PT expandiu o número de prefeitos em 252,91%, saltando de 189 para 667, muito disso fruto da boa aprovação dos três primeiros governos do PT. 

Em todos os eventos, Lula citava um outro aliado e salpicava alguns direcionamentos para a militância. Sem utilizar discurso escrito, Lula usou o microfone e o “olho no olho” com a plateia. Ele deixou claro que pretende percorrer o Brasil, sinalizando especialmente para a parcela da população que se queixou das viagens internacionais.

Lula também tentou mostrar que, em 2023, encontrou um governo devastado, reforçando o antagonismo com Bolsonaro. Ele também citou o aumento do salário mínimo e escolheu a educação como marca de seu terceiro mandato. Em Pernambuco, Lula ainda citou o inferno que aguarda seus opositores da Lava Jato.

Nas suas três primeiras viagens, Lula conseguiu cativar sua base, não cometeu gafes e ainda deixou migalhas para a oposição gerar conteúdos. Lula em sua mais pura essência.

Rodolpho Dalmo

Jornalista, estrategista e consultor político com 10 anos de experiência. Trabalhei em mais de 100 campanhas, 5 mandatos e 5 entidades partidárias e de classe. Ajudei a eleger um Deputado Estadual por Minas Gerais, um Vereador e três Conselheiros Tutelares de Belo Horizonte.

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